Aniversário de um Mestre

26 07 2013

Telê Santana completaria hoje 82 anos de idade

Por Diogo Belley

O ex-ponta-direita Telê Santana com a camisa do Fluminense, seu time de coração (Foto: Revista do Esporte)

Há exatos 82 anos nascia, em Itabirito-MG, Telê Santana da Silva. Conhecido como “Fio de Esperança” ou simplesmente como “Mestre”, o ex-jogador e ex-treinador fez história por onde passou. Fosse jogando ou comandando.

A carreira como atleta começou no Itabirense Esporte Clube, um time próximo a casa dele. Fluminense do coração, Telê passou também pelo América de São João Del Rei antes de chegar ao Tricolor carioca. Já nas categorias de base do clube, podia-se notar o futebol vistoso e objetivo do Mestre e, em 1951, foi promovido ao time principal.

Atuando como ponta-direita que voltava para marcar, uma função nova para a época, Telê chamou a atenção do técnico Zezé Moreira por causa velocidade e toques rápidos. Logo no ano de estreia como profissional, fez dois gols no segundo jogo da final do Campeonato Carioca, em uma disputa de três partidas contra o Bangu, sendo fundamental para a conquista do título.

Telê conquistou ainda pelo Fluminense a Copa Rio de 1952, os Torneios Rio-São Paulo de 1957 e 1960, além de mais um Carioca, em 1959. Mas não foram só os títulos que fizeram dele um ídolo da torcida. A dedicação, as jogadas, a entrega e o amor à camisa foram indispensáveis. Graças a essas características veio o apelido “Fio de Esperança”, em um concurso realizado pelo Jornal dos Sports, sugerido pelo dirigente tricolor Benício Ferreira Filho. Ainda como jogador, o Mestre teve passagens por Guarani, Madureira e Vasco.

Foi também no Flu, em 1968, que Telê começou a dar os primeiros passos como treinador. No ano seguinte, conquistou o Carioca em cima do rival Flamengo. O que chamava a atenção era sua filosofia, dizendo que era necessário chegar à vitória com um futebol bonito e ofensivo, não simplesmente vencer a qualquer custo.

Seguindo com a sina vitoriosa, em 1970 ele foi contratado pelo Atlético-MG e conquistou o Campeonato Mineiro daquele ano e o Brasileirão de 1971. No Grêmio, também fez história, e em 1977, conquistou o Gauchão, tirando do Internacional a soberania imposta no Rio Grande do Sul.

Em 1980, após passagem promissora pelo Palmeiras, porém sem títulos, Telê Santana chegou à seleção brasileira. O grande objetivo era a conquista do tetracampeonato na Copa do Mundo de 1982, na Espanha. O futebol apresentado por aquela seleção não era visto desde a Copa de 70. Alguns comentaristas chegam a dizer que o time de Telê foi até melhor que o de Zagallo. Mas a trágica derrota por 3×2 para a Itália acabou eliminando o Brasil.

Telê ao lado dos goleiros convocados para a Copa de 86 (Foto: Fio de Esperança – Biografia de Telê Santana)

A Copa do Mundo em 1986, no México, serviu como uma nova chance para Telê e seus comandados. Mas novamente o excelente time com Zico, Sócrates, Falcão, e outros craques que também compunham a Seleção de 82 foi eliminado, dessa vez para a França.

Com a sequência de derrotas, o ex-jogador do Fluminense foi rotulado como pé frio. Imagem que foi ampliada após, na segunda passagem pelo Palmeiras, perder o título Paulista de 90. Mas uma carreira tão vitoriosa não poderia acabar de tal forma, até que outro Tricolor apareceu na vida dele e ele foi contratado pelo São Paulo.

O trabalho no clube do Morumbi não seria fácil, já que Telê pegou um time que havia feito uma péssima campanha no Paulista de 90. Mas o apelido de Mestre não veio por acaso e ele soube, como o excelente ponta-direita que foi, driblar as adversidades. Jogadores como Raí, Cafu e Leonardo tiveram chances com o técnico, e logo no primeiro ano o São Paulo foi vice-campeão brasileiro.

Com a base mantida e com a chegada de novos atletas, Telê conquistou os campeonatos Paulista e o Brasileiro de 1991. Foi essa época que deu início a uma das fases mais vitoriosas da história do São Paulo e que o treinador passou a ser chamado de “Mestre”. Não é por acaso que a torcida se remete a esse período como a “Era Telê”.

Nos anos seguintes, o técnico ajudou o clube a conquistar mais um Campeonato Paulista, em 1992, as Libertadores da América e os Mundiais Interclubes de 1992 e 1993, a Supercopa Libertadores de 93 e as Recopas Sul-Americanas em 93 e 94, além de diversos torneios amistosos e fazer com que a torcida do São Paulo crescesse imensamente durante a década de 90. Com tudo isso, o rótulo de “pé frio” nunca mais foi lembrado.

Ao lado de Raí, Telê exibe a Taça Libertadores da América (Foto: Reprodução/São Paulo)

Após sofrer uma isquemia cerebral em janeiro de 1996, a carreira dele teve de ser interrompida. Ele passou a ter uma saúde bastante debilitada, com dificuldades na fala e na locomoção.  Em 2003, fez uma cirurgia para amputar parte da perna esquerda, mas três anos depois, no dia 21 de abril de 2006, faleceu.

Telê Santana da Silva é lembrado até hoje por todos os amantes do futebol, seu nome ecoa pelas arquibancadas do Brasil. Há mais de seis anos um Fio de Esperança brilha no céu. Parabéns e obrigado, Mestre! 


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Uma resposta

27 07 2013
odair

Parabéns ao jornalista desta matéria sobre Telê Santana.

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