Os R$ 420 milhões que a Prefeitura deixará de receber para beneficiar o Corinthians poderiam construir novas creches, escolas e UBS’s para a região
Por Fábio Marcondes
Às vésperas da Copa de 2014, São Paulo se vê em meio a mais uma polêmica em relação à construção dos estádios que poderão ou não sediar os jogos da fase de grupos.
Com o impasse diante da construção do “Fielzão” – assim denominado o futuro estádio corintiano -, a prefeitura pretende ceder R$ 420 milhões em títulos de incentivo fiscal ao Timão para que a obra seja concretizada. Porém, a alegação do poder público é de que esse dinheiro será usado para fazer melhorias das condições nas imediações do estádio e obras de infraestrutura. Diante de tantos questionamentos e falatórios, fica a dúvida: O que poderia ser feito no subdistrito de Itaquera com esse montante ?
Com esse montante, a população poderia ser atendida e toda a infra-estrutura seria modernizada - Fonte: R7
De acordo com um levantamento feito por especialistas em gastos orçamentários, com esse montante poderiam ser feitos e entregues na região: 787 Unidades Básicas de Saúde(UBS) – que comportariam 700 equipes de saúde (setor precário na região); 420 creches – que atenderiam a 50.400 crianças em idade escolar (que também são raridade nas imediações – ou não tem vaga ou não tem creche) ou ainda construir 100 escolas de ensino fundamental e médio com capacidade de atender a 700 alunos cada.
É necessário que se faça uma releitura de tudo o que tem sido feito e que se dê prioridade à população que sofre com a falta dessa infraestrutura. É muito dinheiro público que poderia suprir todas as necessidades de carência da região e ainda atenderia aos bairros do entorno que há anos sonham com pelo menos parte dessa quantia para ter o direito de, no mínimo, viver com um pouco de assistência e dignidade, pois, os mesmos não têm isenções em seus impostos pagos religiosamente todos os anos.
Em votação de primeiro turno, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou na noite de ontem a doação dos 420 milhões de reais em incentivos fiscais para a construção do estádio particular em Itaquera.
A população de São Paulo se manifesta de todas as maneiras contra o projeto criado pelo prefeito Gilberto Kassab, e as alegações vão muito além da paixão clubística.
O mesmo prefeito que recentemente aumentou o próprio salário em 62% (passou de R$ 12,3 mil para R$ 20 mil), agora terá de enfrentar o ônus político por atender a interesses particulares, em detrimento dos cidadãos da maior metrópole do país.
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