Edson Pimenta fala ao JFC sobre sua carreira na Portuguesa

12 05 2013

O técnico concede entrevista exclusiva ao Jornalismo Futebol Clube

Por Camila Andrade

O técnico Edson Pimenta assumiu o comando da Portuguesa logo após a derrota por 7 a 0, para o Comercial, em Ribeirão Preto, que culminou na demissão de Péricles Chamusca e sua comissão técnica. No dia seguinte ao seu novo posto, uma eliminação precoce na Copa do Brasil. Mas, com o novo comandante, a Lusa se reergueu e a equipe está invicta, conseguiu o acesso a elite do futebol paulista com uma rodada de antecedência, no quadrangular final, e agora tenta o segundo título do Paulista A2.

Pimenta, com 61 anos, trabalha pela primeira vez como técnico profissional e espera consagrar seu trabalho com a taça. O professor conversou com o JFC e falou sobre sua carreira e a Portuguesa.

Professor Pimenta comanda treino no CT (Foto: Camila Andrade)

Professor Pimenta comanda treino no CT (Foto: Camila Andrade)

JFC: Você começou sua carreira com o futebol amador, fale um pouco sobre como foi esta trajetória.

Edson Pimenta: Eu comecei aqui mesmo na Portuguesa, em 81, como preparador físico do amador, do juniores, que é um degrau abaixo do profissional. Fiquei dois anos como preparador físico, depois fui para o profissional. Fique até 85, inclusive auxiliei o Paulo Autuori que naquela época era preparador físico profissional da Portuguesa. Depois por uma questão profissional, porque eu tinha carreira militar, não deu para compatibilizar mais tempo de trabalhar dentro das quatro linhas, pois fui promovido a capitão. Tive que declinar em continuar trabalhando com uma coisa que eu gosto, na parte técnica, tática, física. Ai me afastei do futebol por um tempo. Até que me veio o convite para trabalhar com a base, em 88/89 e assumi a coordenação da categoria. Foi quando, aqui na Portuguesa, a gente promoveu aquela meninada: o Tico; Sinval; Denner, um dos grandes nomes do clube. Depois, também por uma questão profissional, tive que me habilitar para ser major. Sai de São Paulo e fui para Porto Alegre, me ausentei da Portuguesa e do futebol por um tempo. Voltei como tenente-coronel na parte de coordenação do futebol profissional em 94/95/96. Foi quando nós chegamos à vice-brasileiro em uma campanha maravilhosa. Em 94 pagamos todos os pecados possíveis, porque o time foi totalmente remodelado. Em 95, fizemos uma campanha aceitável e em 96 fomos coroados como vice-campeões brasileiro. Ai passei como auxiliar técnico deste ano para frente e deixei de trabalhar na parte administrativa, trabalhando mais nas quatro linhas, que é a parte técnica, trabalho com bola, tática. Acompanhei o Candinho, foi quando nós saímos do país, trabalhamos em outros clubes, fui como auxiliar técnico mesmo. E cheguei agora. É a décima vez que volto para a Portuguesa. Graças a Deus, tive a felicidade de aceitar o convite da diretoria e ser guindado à condição de ser treinador da equipe profissional, que era o que me faltava aqui. Trabalhei em todos os cargos possíveis e imagináveis dentro do futebol. Tudo o que me faltava era a parte de treinador profissional dentro de competições oficiais. E estamos ai, desenvolvendo essa missão.

JFC: Como foi o convite pra ser técnico da Portuguesa?

Edson Pimenta: Olha eu voltei aqui pro clube no ano passado. Cheguei em abril e fui contratado como auxiliar técnico do clube, não mais vinculado a treinadores que seriam contratados. Logo em seguida, veio o Geninho que era o treinador oficial com quem tive o prazer de trabalhar. Um profissional de extremo gabarito, aprendi muito com ele aqui, e nós começamos fazendo o brasileiro. Ele acabou não ficando, por uns detalhes, e eu fui ficando, veio uma comissão nova agora em janeiro para desenvolver o campeonato da Série A2 do Paulista, e eu por ser auxiliar do clube estava junto. Então teve aquele desastre em Ribeirão, o sete a zero que não estava nos planos. Diante daquilo, a diretoria entrou em acordo com o comando técnico e me convidou para interinamente assumir. E graças a Deus eu assumi. Joguei cinco partidas e estou invicto, com quatro vitórias e um empate. Isso deu uma credibilidade perante o grupo, a diretoria, torcida e mídia de um modo geral, e fez com que me dessem mais um passo adiante me convidando para ficar esses primeiros cinco jogos do Campeonato Brasileiro. Fazer um test drive para ver a coisa como é que vai funcionar e eu tenho certeza que vai dar certo.

JFC: Como foi aquela primeira partida que comandou o Portuguesa diante do Naviraiense?

Edson Pimenta: Normalmente é difícil. A gente que é profissional e encara uma situação daquela, que vem do sete a zero, troca toda a comissão técnica e muda todo o emocional. O ser humano não é uma máquina que você liga e desliga, como o gravador que você liga ele funciona, desliga ele para de funcionar. Nós seres humanos somos diferentes, tem emoção, tem paixão, tem sentimentos. E aquela derrota já abalou muito o emocional, a troca de comando, o Péricles Chamusca; João; Marquinhos; Flavinho; todos eles que estavam aqui são pessoas bem quistas, profissionais de alto gabarito. Mas o futebol é muito impiedoso com esse tipo de situação. O resultado às vezes fala mais alto do que a amizade e o profissionalismo, do que a condição de competência, e aquilo abalou muito o grupo. Haja vista que eu fiz um treino com eles na segunda-feira à tarde, a gente foi para a concentração para jogar na terça feira. Lógico, a torcida estava virada, não aceitava de forma nenhuma o sete a zero e veio o Naviraiense. Não desmerecendo a equipe, mas tem um potencial técnico bem menor do que a Portuguesa. Naquele momento, com todo aquele abalo que aconteceu, não conseguimos fazer um bom jogo e acabamos empatando e o resultado nos tirou de uma competição importante, que é a Copa do Brasil. Porém, daí para frente tivemos tempo de resgatar o grupo, a moral, a dignidade e a honra. E graças a Deus, o grupo teve uma resposta boa e estamos ai para disputar o título.

Técnico pode levar o título (Foto: Camila Andrade)

JFC: E a expectativa para este último jogo, para ser campeão?

Edson Pimenta: Vamos da forma que temos ido a todos os jogos. A Portuguesa é time grande, de tradição, de camisa. Tem que jogar para ganhar. Você não pode querer se prevalecer de resultados iguais, jogar com o regulamento. Eu aprendi isso no futebol. Trabalhei com grandes treinadores, durante essa minha trajetória. Falei do Paulo Autuori e do Candinho; Valdir Espinosa; Levir Culpi; Nelsinho; Geninho; Péricles Chamusca; todos renomados e vencedores. Então você aprende, vai se levantando, um tijolinho que tem na carreira, vai aproveitando o que tem de bom em cada um, e vai descartando o que tem de ruim. Trabalhei em clubes grandes dentro do futebol, tanto no país, como fora. E time grande vive de resultados, tem que jogar pensando em ganhar. Temos um jogo importante que vai coroar todo um trabalho que foi feito. Respeitamos muito o Rio Claro, sabemos que jogo é jogo. Não adianta entrar com uma vitória, uma vantagem e achar que vai ganhar, ficar de salto alto, que não vai. Na minha carreira tive experiências amargas, entrar com jogo ganho e perdi. Também experiências interessantíssimas de entrar perdendo e ganhar. Então o futebol é prodigo nesse tipo de coisa. A gente não pode dar espaço para isso. O adversário vem pra fazer um resultado positivo. É lógico que virá para ser campeão. Mas também temos a vantagem do resultado e vamos jogar para ganhar.

JFC: Qual a importância para você e para a Portuguesa deste título?

Edson Pimenta: Para mim é fundamental. Estou em uma função que eu nunca tinha assumido na minha vida profissional. Somente interinamente. Então de certa forma vai ser muito gratificante e honroso ganhar um título deste porte. Para os jogadores, idem. Vamos corar uma campanha que começamos em 13 de janeiro, que foi a primeira reunião com esse grupo todo. Portanto, o título é sempre importante. Para mim de suma importância, para os jogadores também.

JFC: Como que foi a preparação e motivação para tentar a conquista do título?

Edson Pimenta: Eles estão elevados, sabem da importância que é ser campeão. Até para a carreira de cada um, o histórico. Sabem que tem a responsabilidade da vitória. Nosso público vai comparecer, não tenho dúvida. Então, por si só, já é uma motivação. Um jogo final de campeonato, eu já disputei fora do pais, já fui campeão. Uma decisão já te motiva ao máximo. Isso é importante.

JFC: O que é a Portuguesa para você?

Edson Pimenta: A Portuguesa é tudo na minha vida. Hoje, o cara que eu sou, o nome que tenho, minha independência financeira, devo a Lusa. Comecei aqui em 81, e com esses grandes profissionais que tive a chance de alinhavar grandes amizades, em função disso tive chance de ir para grandes clubes, Corinthians, Palmeiras, fora do país em outras equipes na Arabia Saudita. Passei por experiência na Europa e para mim a Portuguesa me deu esse upgrade.


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29 07 2013
Portuguesa perde no Canindé, vai para a lanterna, demite Pimenta e anuncia Guto Ferreira |

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17 06 2013
Edson Pimenta é efetivado como técnico da Portuguesa |

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